FESTIVAL ROCK THE PLANET: COM EDGUY, SHAMAN, KOTIPELTO E VIPER

Já fazia bastante tempo que não tínhamos festivais em terras tupiniquins, mas o Sepulfest realizado no dia 24 de setembro e agora o festival Rock The Planet saciaram um pouco o público de grandes eventos no Brasil. A primeira edição do Rock The Planet teve um cast bem coeso, já que contava com quatro bandas do chamado Heavy Metal Melódico sendo dois grupos brasileiros Viper e Shaman, e dois grupos internacionais Kotipelto e Edguy. Um ponto marcou o final de semana do evento: no mesmo dia estavam se apresentando na capital paulista a banda Cradle Of Filth (na Via Funchal) e o cantor Jeff Scott Soto (no Dynamo bar). Quem gostava de todas as bandas teve que escolher somente uma, fato lamentável.


Primeiro vamos falar sobre a casa de show que segundo os produtores comporta em torno de 10 mil pessoas. O local é bem divido, com o palco do lado e não na frente como de costume, vários stands de gravadoras e lojas especializadas, além de uma ampla área de alimentação. O único problema é que para as pessoas poderem ver o palco de uma forma decente, estas devem se espremer na frente, pois nos lados é quase impossível de se ver devido a divisão. Ainda bem que existem vários telões disponíveis.

Na casa ocorreram vários problemas durante a minha chegada. Primeiro procurei me situar na área destinada a Imprensa, mas nenhum segurança soube me explicar direito. Fiquei meia hora procurando e finalmente após passar por toda a galera na frente, cheguei ao lugar reservado aos fotógrafos. Mesmo assim, os seguranças não estavam muito a fim de papo com ninguém, só explicando o básico e pronto. Um ponto positivo, o Espaço das Américas é a única casa que deixa os fotógrafos ficarem do lado do palco ao invés de fazer com que voltem á galera. A sensação que tive após estar acomodado era que o lugar lotaria o que realmente aconteceu, tendo um público estimado em 9000 pessoas.

VIPER

Pontualmente às 18h, a belíssima Introdução “Ilusions” do álbum homônimo Theater of Fate já enlouquecia a galera presente. Logo em seguida “To Live Again”, música também do álbum de maior sucesso do Viper fez várias pessoas chorarem de tanta emoção ao ver e escutar este clássico novamente. O som do lugar estava muito bom com apenas uma ressalva, o baixo estava alto demais encobrindo muitas vezes a guitarra, problema consertado durante o show. 


Esse era o primeiro show em São Paulo do novo vocalista da banda, Ricardo Bocci. Se a intenção da banda era voltar às suas raízes quando contavam com André Matos, o grupo acertou em cheio, pois Ricardo não só é competente como carismático. Segurou muito bem as notas mais altas de seu antecessor e deu seu toque pessoal as músicas. Não faltaram faixas da fase pós André Matos como “Dead Light”, “Evolution” e “Rebel Maniac”. Mas os pontos altos do show foram três músicas: “A Cry from The Edge” cantada por todos e que Ricardo Bocci mais uma vez mostrou seu potencial; “Prelude to Obilivion” que foi a música que o novo vocalista enviou a banda e o fez ser aprovado; e por último a eterna e maravilhosa “Living For The Night”, conhecida por todos os fãs de melódico, teve um começo diferente sem os teclados da versão original somente com a guitarra, mas que agradou a todos e foi cantada em uníssono. O Viper provou que ainda continua vivo e com muita vontade de tocar. Todos os integrantes estão animados e contentes, além do que só nos resta esperar pela segunda parte do excelente Theater of Fate.

Set List: Illusions (instrumental) - To Live Again - Dead Light - Cry From The Edge - Wings Of The Evil - Evolution - Prelude To Oblivion - Living For The Night - Rebel Maniac

O festival Rock The Planet marcou a primeira apresentação do Viper com o novo vocalista Ricardo Bocci em São Paulo. Ricardo foi aluno de canto do vocalista do Shaman André Matos durante seis meses, e certamente ficou surpreso quando seu ex pupilo se apresentou em Vinhedo, quando Viper e Shaman tocaram juntos novamente. Segundo Felipe Machado, o próximo álbum do Viper será uma continuação do clássico Theater Of Fate, uma espécie do volume II do álbum que marcou o início do metal melódico no Brasil.

KOTIPELTO

Sem nenhum atraso, Kotipelto (ex-Stratovarius, ou será que a banda existe ainda mesmo?) entrou em cena na sua quinta visita ao Brasil, desta vez em turnê solo. O Line-Up da banda que acompanhou Timo teve uma surpresa especial para os fãs do Stratovarius, pois Jens Johansson (tecladista) estava tocando novamente com o vocalista. Além de Jens, a banda contava com Mirka Rantanen (bateria), Lauri Porra (baixo) e Tuomas Wainola (guitarra).


O show começou com uma apreensiva introdução e logo “Travel Through Time” entrou com peso e velocidade, esta que é a primeira canção do debut de Kotipelto. “Lord Of Eternity” e “Coldness Of My Mind” vieram em seguida, mostrando uma banda entrosada e com músicos competentes. “Seeds Of Sorrow” é a típica faixa de metal melódico, contendo velocidade, solos rápidos e refrão contagiante. Passada a apresentação da banda, seguiu a faixa título de seu primeiro álbum “Waiting for the Daw”, e logo depois um solo de guitarra para descansar o público. É claro que todos estavam esperando por músicas do Stratovarius e Jens Johansson para dar um pequeno suspense fez seu solo de teclado e emendou com “S.O.S” do álbum Destiny, cantada por todos. “Reasons”, primeiro single do álbum Coldness veio a seguir e foi à canção mais aclamada pelos presentes da carreira solo de Kotipelto. Para fechar, o eterno clássico do Stratovarius “Black Diamond” que sem Jens nos teclados não seria a mesma coisa. Kotipelto apesar de um pouco frio, conversava sempre com o público e parecia estar gostando muito de voltar aos palcos. Além do que, sua presença de palco se destacou dos demais, dando um show a parte.

Set List: Intro - Travel Through Time - Lord Of Eternity - Coldness Of My Mind - Seeds Of Sorrow - Waiting For The Dawn - Can You Hear The Sound - S.O.S. - Reasons - Black Diamond

Um fato curioso e engraçado aconteceu quando Timo apresentou sua banda: mais uma vez Kotipelto elogia os brasileiros dizendo que nós somos um dos melhores públicos do mundo, mas ao apresentar o baixista da banda ele diz “no baixo Lauri Porra, no Brasil Porra tem uma conotação diferente, portanto vamos saudá-lo” e todos começam a gritar “Porra! Porra!”. O baixista empolgado, fez um pequeno solo bastante diferente. O que deve ter passado pela cabeça do Mr. Porra...

SHAMAN

Com um pouco de atraso e gritos da galera de au au au, Viper é pontual, soa a Introdução “Ancient Winds”, que apesar de grande, dá um clima bem diferente e faz com que a expectativa aumente nas pessoas. Em seguida, “Here I Am” bota a galera pra pular e “Distant Thunder” não deixa ninguém parado. Apesar do set já manjado por todos, pois a turnê do cd Ritual já está com quase três anos, os músicos prometeram uma faixa inédita do novo álbum que irá sair em Janeiro próximo. E eis que a música começa sem nenhuma apresentação para a mesma, porém animou e muito o público, pois ela soa mais pesada que o normal do Shaman: simples e mesmo assim contendo as características da banda. André Matos está cantando mais rasgado do que de costume e com isso temos esperança de que o novo álbum seja bem melhor que o primeiro, se é que isso é possível. Um fato engraçado e que felizmente não acarretou nada de mais grave, ocorreu durante a execução da faixa nova. Em frente ao palco existia uma plataforma onde ficava uma câmera, André Matos subiu nela e ao voltar levou um belo de um tombo. É isso mesmo, com muitos anos de experiência ele caiu literalmente no chão, mas felizmente não aconteceu nada com o cantor que voltou ao palco normalmente. A FAZ Produções e o Shaman divulgaram dias depois o título da nova faixa, “Turn Away”.


O restante do show foi baseado em faixas do Ritual, com um cover de “No More Tears” do lendário Ozzy Osbourne, que ficou perfeita com a banda e o público cantou em uníssono. E como não poderia faltar, para fechar o show “Carry On”, a única musica da banda Angra apresentada esta noite. 

Set List: Ancient Winds - Here I Am - Distant Thunder - Turn Away (nova música) - For Tomorrow - Time Will Come - No More Tears - Fairy Tale - Pride - Carry On

A única novidade nesta apresentação do Shaman foi a faixa inédita "Turn Away", a qual estará presente no próximo álbum de estúdio da banda. O repertório novamente voltou a contar com o cover "No More Tears" de Ozzy Osbourne e com a faixa "Carry On", clássico maior do Angra. O fato de André Matos estar cantando de forma mais rasgada pode ser um bom sinal para este próximo álbum, principalmente após a ótima participação no álbum TIes Of Blood do Korzus, em que dividiu os vocais com Marcelo Pompeu em uma das faixas.

EDGUY

O Edguy gravaria o primeiro DVD da banda em São Paulo, no Espaço das Américas. Haviam muitas câmeras espalhadas pelo palco e até uma que sobrevoava a galera. Público a mil esperando pelo show, empurra empurra gigantesco dando muito trabalho aos seguranças e muita expectativa para o começo do show. Quando a intro “Overture” iniciou, o público foi literalmente à loucura. Tobias Sammet desceu no palco pendurado por uma corda, dando um show à parte e o restante da banda entrou um a um causando euforia em todos. O palco foi muito bem produzido, com um monstro atrás da bateria. A primeira faixa do álbum Helfire Club, "Mysteria", abriu o show com muito peso. Tobias se mostrou um frontman muito carismático e que está cantando como nunca. Um fato ruim, os fotógrafos que procuravam trabalhar tranqüilamente foram praticamente colocados no canto, tendo pouca visão para fotos decentes, mais um ponto de desorganização da casa que não soube tratar muito bem a imprensa, o que espero que melhore com o decorrer do tempo.


“Under The Moon” e “Navigator” vieram em seguida, mostrando o entrosamento da banda. Tobias Sammet então, faz uma saudação a galera e avisa que estão gravando o DVD em São Paulo, porque o mesmo sabe que o público daqui é excelente e apresenta uma música que não estava no Set List atual da banda, do álbum Theater of Salvation, “Wake Up The King”, canção que soa muito bem ao vivo e tem um refrão marcante. “Land Of Miracle”, a primeira balada da noite, foi cantada em uníssono pelos presentes e deixou a banda emocionada. Agora chegou o momento da famosa competição do público: somente com baixo e bateria Tobias divide a galera em dois e pede que cantem bem alto para o pessoal de fora ver o quanto o Brasil tem grandes cantores. E logo em seguida “Lavatory Love Machine”, uma das canções mais engraçadas que já escutei e com uma veia bem hard rock arrancou muitos aplausos do público.

No segundo bis, Tobias Sammet passa por uma situação previsível. Primeiro o vocal pergunta ao público: “vocês querem mais?”. A resposta é óbvia. Ele afirma que só voltaram ao palco porque os presentes pediam, pois estavam os integrantes estavam cansados e sujos. Tobias fez um breve discurso sobre os públicos no mundo e quando falou nos EUA, ocorreu um fato lamentável. Parte da galera gritava “Fuck Usa”, que foi prontamente parada por Sammet, o qual retrucava que nem todos desse país são pessoas ruins. Será que esta parte será cortada no DVD do Edguy...

Vain Glory Opera” veio em seguida fazendo com que os fãs mais antigos da banda se satisfizessem com esse clássico. A seguir um solo de bateria diferente, no meio do mesmo eis que o tema do filme Star Wars entra em ação e é acompanhado pelo baterista com muita competência e criatividade. Um dos grandes momentos da apresentação sem dúvida foi a faixa “The Piper Never Dies” que é excelente ao vivo, e apesar de grande não cansa o público. “King of Fools”, primeiro Ep da banda, era talvez uma das mais esperadas pelos presentes e foi cantada em uníssono mais uma vez. A banda se despede e é claro que todos já estavam esperando por composições do projeto Avantasia.

A introdução “Prelude” esquenta ainda mais o Espaço das Américas, e então a banda executa “Chalice Of Agony” com uma precisão incrível e André Matos sobe ao palco para dividir os vocais com Tobias, parceria que já foi feita no DVD do Shaman “Ritualive”. Os dois estavam muito felizes e dançavam e pulavam no palco como duas crianças. André Matos cantou muito bem mesmo lendo a letra da música em algumas partes, saciando todos que gostam do projeto. A banda ainda executa “Tears Of A Mandrake” do álbum Mandrake e sai novamente do palco. Mais uma vez todos voltam ao palco e após Tobias interagir com o público, terminam o show com “Out of Control”, fechando com chave de ouro. A banda mostrou que o metal melódico pode ter peso, criatividade e muito carisma perante o publico. Os brasileiros estão de parabéns por terem gritado, cantado todas as músicas e mostrado a banda e o povo de fora que o Brasil também é o país do heavy metal.

Set List: Overture - Mysteria - Under The Moon - Navigator - Wake Up The King - Land Of The Miracle - Lavatory Love Machine - Vain Glory Opera - Drum Solo - Fallen Angels - The Piper Never Dies - Babylon - King Of Fools - Bis I: Prelude (Avantasia) - Chalice Of Agony (Avantasia - com André Matos) - Tears Of A Mandrake - Bis II: Out Of Control

Por Thiago Rahal - Edição: André Luiz - Fotos: Thiago Rahal (metalrevolution.net)